quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Primeiros passos na Mantiqueira


A horta que desenvolvemos aqui em Campo Redondo foi iniciada em março de 2010. Nossa proposta é desenvolver a agroecologia cujo principal objetivo é trabalhar sobre a fertilidade do solo, recuperá-la, enriquecê-la e mantê-la. Neste manejo a fertilidade do solo é obtida a partir do plantio de adubação verde, árvores para alimentar o sistema e vez por outra um aporte de composto orgânico e biofertilizante.
Entramos em uma área, que servia como pasto para vacas em lactação, já bastante desgastado pelo pastoreio extensivo sem nenhum tipo de manejo (descanso da pastagem, replantio do capim...). A primeira ação foi cercar a área com tela de arame, depois cavoucamos a terra com enxada (3 homens durante 1 semana), deixando todos os arbustos já existentes. Ao todo são 600m².
Com a terra apenas levemente levantada, semeamos a lanço um coquetel de adubo verde (60% nabo forrageiro, 40% crotalária). Utilizamos o adubo verde para fixar nitrogênio no solo e outros nutrientes indispensáveis para o crescimento das plantas. Na agricultura tradicional este manejo seria substituído pelo NPK (Nitrogênio, Fósforo e Potássio), dias antes do plantio, um fertilizante de origem petroquímica. Fizemos também um aporte de esterco fresco e curtido mais palhagem de araucária e capim seco.
Em uma pequena parte subimos dez leirões de 1m X 4m para plantar alho, neste caso fizemos uma calagem (calcário dolomítico) para diminuir a acidez do solo 40 dias antes da semeadura e fomos revirando junto com a terra esterco (bovino e ovino), palhagem e pulverizamos tudo isso (inclusive a adubação verde) com um biofertilizante, que já estava sendo preparado desde outubro de 2009, contendo: farinha de osso, esterco, água, urina de vaca, mamona triturada e preparado 500 da agricultura biodinâmica (devidamente acrescentado fazendo-se a mistura em sentido horário e anti-horário, durante 60 minutos).
Enquanto deixamos nosso amado solo em um spa, construímos uma estufa sementeira para formarmos as primeiras mudas (alcachofra, alho-poró, couve-flor entre outras culturas de inverno).
As primeiras mudas foram transplantadas em junho (meio fora de hora), mas assumimos o risco que as constantes geadas oferecem para lavoura. Algumas espécies, plantamos em leiras (morango, alho-poró), mas a maioria optamos pelo plantio direto, apenas fazendo um coroamento em volta de cada muda.
É importante destacar que nossa horta levou mais tempo para começar a dar seus primeiros frutos. Afinal, optamos primeiro por cuidar do solo, tratá-lo como um organismo vivo (salve a grande mestra Dra Ana Maria Primavesi) e não apenas um mero plano físico para apoiarmos nossas culturas e seus devidos fertilizantes.
Após as plantas do adubo verde completarem seu ciclo e florescerem, começamos a revirar e incorporar o adubo verde no solo, abrimos covas e subimos leiras onde plantamos culturas de primavera/ verão (beterraba, cenoura, cebola, abobrinha, brócolis...). Ao abrirmos as covas e leiras fazemos uma adubação com composto orgânico e biofertilizante.
Em setembro e outubro colhemos o alho. Neste primeiro ano a produção foi bem fraca, dos 80kg que era esperado, chegamos a 20! Não foi exatamente uma surpresa, pois “forçamos a barra” ao semear um solo cansado.
Isso é apenas o começo, a nossa forma de fazer. Não é a mais certa nem a errada. A utilização de estufas também é um excelente recurso. O mais importante é desenvolvermos uma produção agrícola que respeite o solo, o ar e a água, prescindido de qualquer insumo de origem petroquímica!

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