sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Artesanato de Campo Redondo


O isolamento de uma comunidade de algum centro urbano gera muitos inconvenientes para seus moradores, porém contribui de forma decisiva no desenvolvimento de saberes e habilidades manuais. Campo Redondo é um bom exemplo disso. A dificuldade de acesso até Itamonte e, até os anos 50 a própria inexistência de estrada, fez com que o povo garrolê (como se chama a gente daqui) buscasse quase tudo que precisava na natureza. Os fundadores da comunidade eram portugueses, isso foi a mais de 200 anos, e trouxeram consigo sua cultura, essa influência até hoje é perceptível.
Felizmente, muitas dessas expressões se mantêm. Na comunidade ainda é possível encontrar o processo completo de confecção de roupas para o frio, com toda a matéria prima originada no local. É admirável acompanhar cada fase: tosquiar, cardar, fiar, tingir e tecer. Tanto na tecelagem como no tricô e crochê mulheres de todas as idades se envolvem. Na culinária as tradicionais compotas de figo, pêssego e pêra são produzidas em quase todas as casas, sem exagero. E resta um monjolo para fazer a farinha! Marcenaria e serralheria, em menor escala, ainda se faz por aqui.
A melhoria no acesso, luz elétrica e outras facilidades da vida moderna foram bem-vindas, abrandou a dureza da vida na roça. Atualmente, a comunidade está até no mapa! A escola cresceu e hoje é referência no município, a internet chegou (via rádio) e bem recentemente, em julho, foi instalado o primeiro orelhão do bairro. A vida mudou e aos poucos os artesãos e artesãs aperfeiçoaram sua forma de criar e transformaram toda essa habilidade em geração de renda. A comercialização tem sido um incentivo importante para que a tradição da renda de abrolho, o processo de tecelagem, entre outras práticas artesanais continuem a passar de geração em geração.Vale a pena conhecer o que essa gente inventa, você vai se surpreender!

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