domingo, 12 de setembro de 2010

Pode a própria semente ser sua necessária terra?


Nossa experiência com agroecologia é bem diversa. O Boldo é de Fernando de Noronha (nascido e criado na ilha), neto de um agricultor tradicional, Seu Juvenal Veneno. Boldo desde pequeno esteve envolvido com criação de animais, plantações em mutirões e hortas domésticas. A Carovinha é filha de produtor rural do sudeste, médio criador de gado de leite e de corte, teve sua infância muito ligada a roça, mas sua cabeça foi feita mesmo ao viajar pelo Brasil filmando para o programa de TV “Brava Gente Brasileira” experiências em agroecologia. O estalo foi imediato, Carovinha foi fazer cursos na área e terminou por fazer uma pós-graduação em Agricultura Biodinâmica no Instituto Elo de Botucatu. Boldo sentiu que também tinha que buscar informação e foi fazer cursos de criação de caprinos, agrofloresta e até de doma racional de cavalos.
Sentimos então que estávamos prontos, decidimos mudar de vida e viver da terra. Abandonamos nossos empregos e começamos a manejar uma área de 8 hectares da Fazenda Floresta (do pai da Carovinha), isso foi no fim de 2005 e lá ficamos até o fim 2008 trabalhando com verduras, frutas e legumes diversos. Em 2009 paramos de plantar hortaliças e ficamos apenas manejando nossa Agrofloresta, junto com isso começamos a freqüentar Campo Redondo na Mantiqueira. Aqui conhecemos agricultores tradicionais que mexem com culturas de clima temperado (alho, batata inglesa, ervilha...). Uma parte dos agricultores daqui já está organizada através da APRUCARE (Associação dos Produtores Rurais de Campo redondo). Tudo nos fascinou, sobretudo a comunidade, e para cá nos mudamos.
Atualmente, temos uma horta em parceria com Seu Otaíde e seu filho Flaviano. Aqui pudemos constatar que muitas técnicas que usamos na agroecologia eram desconhecidas ou foram esquecidas com a pressão que existe no campo para compra de insumos externos. Esta parceria está sendo uma saudável experiência, uma via de mão dupla, pois ao mesmo tempo em que aprendemos muito com Seu Otaide, estamos implantando novos hábitos: cobertura dos canteiros com palhagem, preparo e uso de biofertilizantes, utilização e armazenamento de sementes crioulas e muito mais.
Paralelamente a essas experiências mantemos o serviço de entrega domiciliar no Rio de Janeiro. Nosso critério ao montarmos nossa lista de produtos é oferecer comida produzida de forma limpa e justa, para isso formamos uma pequena rede de fornecedores, todos eles com a premissa básica de porteiras abertas!
Resumidamente tentamos explicar nossa experiência com produção de alimentos. Em breve postaremos aqui textos sobre outras experiências locais, como a dos criadores Douglas & Patrícia na Fazenda Serra D´Água.
Abraços!
OBS: o título deste texto é uma frase de Guimarães Rosa no livro "Ave Palavra"

2 comentários:

  1. Adorei, Carovinha, que voces tenham muito sucesso e felicidade! Pra voces e pra toda a sua familia ;)

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  2. Puxa!!! Parabéns Mari e Charles.. eu estava com saudades de ter notícias dessa família que tive a oportunidade de acompanhar todos os capítulos em módulos biodinâmicos,
    arte,
    filosofia,
    descobertas - aprendizado,
    dança e versos - floridos, flor, Flora - fazendo uma couve-flor feliz com mãozinhas tão de anjo..
    Apesar de estar bem distante agora minha irmã, (Embrapa Semiárido - Petrolina), continuo sempre torcendo pelo sucesso dos que eu amo..
    Bjs
    Deavet..

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